Sunday, March 30, 2014

Leila Diniz

Leila Diniz era um paradoxo ambulante. Você acreditaria que uma professorinha de jardim de infância, de subúrbio, tivesse força e atitude para afrontar o conservadorismo reinante no Rio de Janeiro da década de 1960? Pois aquela menina meiga e doce fez bem mais que isso e transformou-se ela própria num ícone da emancipação feminina. Apesar disso foi invejada e criticada, tanto pela sociedade conservadora das décadas de 1960 e 1970, quanto pelas feministas, que a consideravam apenas um objeto sexual.
Aparentemente alheia ao turbilhão de polêmicas que causava, Leila Diniz seguiu sua trajetória de vida ignorando tabus e preconceitos numa época de grande repressão política e social. O Brasil vivia os anos de chumbo da ditadura, mas ela escandalizava o país inteiro ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia, e chocava com declarações explícitas sobre sua própria sexualidade: “ Transo de manhã, de tarde e de noite”, dizia aos carolas de plantão. 

Saturday, March 29, 2014

Se tu Viesses Ver-me

Se Tu Viesses Ver-me...
Florbela Espanca
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca, batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. 
Nascimento: 8 de dezembro de 1894, Vila Viçosa, Portugal
Falecimento: 8 de dezembro de 1930, Matosinhos, Portugal

Obras: LIVRO DE MAGOAS, SONETOS - FLORBELA ESPANCA
Mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

Friday, March 28, 2014

A Teia da Vida

A teia da vida
Fritjof Capra 
Um novo paradigma  
Resenha

A ideia de olharmos para a realidade, e os fenômenos que a compõe, como uma trama de relações é fascinante. Capra nos apresenta uma forma de compreender a vida, que subverte o senso comum. Leva-nos a outra compreensão da vida, baseada numa cadeia de sistemas e subsistemas que interagem em vários níveis, sendo cada um importante, mas não mais que outro, na totalidade. Essa compreensão se aplica não apenas aos sistemas vivos, no caso da biologia, mas representa também uma nova percepção da realidade, em todos os níveis, desde fenômenos físicos e químicos, como também às instituições sociais, políticas, jurídicas e econômicas.

Wednesday, March 26, 2014

Um Pouco de Fernando Pessoa


Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Monday, March 24, 2014

Querer-te

Há muito que procuro dizer-te
o quanto querer-te me faz feliz
Há muito que procuro palavras
versos e rimas para expressar
o que sinto por ti.
Doce ilusão!
Não há palavras, não há versos, nem rimas
para dizer-te o que não cabe em mim.
É algo como um rio transbordante,
impetuoso e selvagem
que inunda as pradarias
e corre para a imensidão do mar.
Há muito que querer-te invade os meus sentidos
Há muito que não há sentido em viver sem ti.
Há muito que sentir-te é o meu sentido de viver.
Em meu peito, a busca há muito terminou.

Sunday, March 23, 2014

A menina e o tempo


Como passam rápido
Os minutos dessa vida
Num momento te vejo criança
No outro te vejo diferente
a deixar pequenos sonhos para trás.
Há um momento atrás te via transparente
O sorriso cristalino a despertar em todas as manhãs.
Agora te vejo ainda a sorrir
Mas teus sonhos viraram segredos
Que a mim não cabe descobrir.
Vejo o futuro a te sorrir
E já me é sentida a saudade
Do tempo em que ouvias minhas histórias
E pouco precisavas para ser feliz.
De vez em quando olhe para trás, porém.
Meu coração ainda te acompanha
Cada vez mais de longe, é certo.
Mas ainda com o mesmo carinho
De quando te via descobrir
Os pequenos e os grandes segredos da vida.

Beco das Letras entrevista Pinóquio




Ao contrário do que eu supunha, não houve nenhum atraso. O boneco já estava esperando por mim no bar do hotel onde estava hospedado. À sua frente, sobre a mesa, um copo de Gim-tônica repousava intocado. Isso também era uma surpresa, uma vez que eu já sabia que Pinóquio era conhecido nos círculos mais íntimos como um ”enxugador" de primeira. Todavia, logo descobri que  o copo que via já era o terceiro da noite, apesar de não perceber nenhum sinal de embriaguez naquela cara de pau no início da entrevista. Na verdade, ele parecia bastante lúcido e amigável, apesar do que costumavam afirmar as publicações especializadas no show-business. Então aproveitei sua boa disposição para iniciar minha entrevista.

Thursday, March 20, 2014

Só para dizer que te amo



Um dia perguntei ao vento
o que sinto por você.
Do seu jeito sussurrante o vento respondeu
que nada sabia de sentimento,
que isso era coisa do tempo
e a ele cabia responder.

O tempo me disse que nada podia resolver.
Cuidar do que já existe era tudo o que lhe cabia e
da natureza do sentimento era do  coração responder.

Então me voltei para o coração
querendo enfim compreender
E o coração, sem nenhuma pressa,
sem alarde ou fantasia
respondeu que eu saberia
quando não precisasse mais perguntar.

Hoje eu sei. Já não preciso do vento ou do tempo para
entender meu sentimento.
Agora percebo o que meu coração há muito já sabe.