Sunday, June 01, 2014

O Caso da Loura Traída - Parte dois



Depois de acomodá-la na cadeira em frente à escrivaninha, dei a volta sem muita pressa e sentei-me, com os olhos fixos em algum ponto situado entre seus graciosos olhos. Era uma tentativa de não deixar meu olhar escorregar para o decote generoso que ela ostentava. Devo dizer que eu merecia um prêmio pela fleuma que consegui exibir.
- Qual é o caso? - Perguntei de chofre, com a melhor imitação que consegui fazer de Hemphrey Bogart, mas duvido que ela saiba quem ele tinha sido. Nem todos se tornam especialista em filmes antigos da sessão da tarde, como eu.
- Desconfio que meu marido anda me traindo e quero que o senhor confirme isso. Pode ser?- Disse ela num fôlego só, incluindo a pergunta. Sua linda voz rouca soava fria como o gelo boiando no meu Johnnie Walker, comprado de um muambeiro do Paraguai.
- Sem problema. - Respondi depois de pigarrear. Não conseguia imaginar alguém traindo aquela mulher, a menos que fosse um gay enrustido, ou um jogador de futebol. 

Meu primeiro cliente era uma loura linda, que parecia ter saído direto de um filme noir. Era difícil manter o sangue frio, mas não tanto pela cruzada de perna cinematográfica com que ela tão gentilmente me obsequiou, mas principalmente pelo maço de notas de 100 que pôs sobre a mesa. Eu nem lembrava mais da aparência dessas notas  e torci para que não fossem falsas.
- Dinheiro não é problema. - Ela disse.