Saturday, January 25, 2014

Mulheres Inesquecíveis - Pagu

Pagu

Talvez a melhor tradução do que teria sido Pagu esteja nos versos de uma canção de Rita Lee. Em cada estrofe, em cada rima transparece toda a complexidade de uma mulher intensa, que se entregava com paixão e fúria em tudo que fazia.


Pagu (Rita Lee)

“Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Uh! Uh! Uh! Uh!”


Patrícia Rehder Galvão, Pagu, nasceu em São João da Boa Vista, Santos, em 9 de junho de 1910. Segundo registros na Wikipédia, foi uma mulher de múltiplos talentos, os quais transparecem na literatura, no teatro e nas artes plásticas. Também foi tradutora, desenhista e jornalista.  Sua trajetória de vida está diretamente relacionada ao  movimento modernista iniciado em 1922. Ela tinha apenas 12 anos de idade na época e não participou da Semana de Arte Moderna, mas anos depois seu envolvimento com Oswald de Andrade, a convivência com vários expoentes do Modernismo e sua ativa participação na vida cultural do País a ligaram de forma permanente ao Movimento. Apesar de sua origem burguesa, Pagu foi militante comunista, tendo inclusive visitado a China, de onde retornou com as primeiras sementes de soja que entraram no Brasil. Também por isso, foi a primeira mulher brasileira presa por motivos políticos. Era a época da ditadura de Vargas.


“Eu sou pau pra toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum! Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira
Nem sou puta”


Antes de se tornar Pagu, Patrícia Galvão era Zazá, uma menina de família tradicional, bem educada, mas quis o destino que ela afrontasse o conservadorismo de sua época e chutasse o pau da barraca. Quando o poeta Raul Bopp lhe atribuiu o apelido de Pagu, ela já tinha um  jeito de ser contestador e crítico  bastante avançado para o seu tempo. Fumava em público, falava palavrões e usava roupas não muito adequadas para a moral conservadora de sua origem familiar. Ela era também bastante precoce e, com apenas 15 anos, começou a colaborar no Bras Jornal, em 1925.




“Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
(...)”

Com 18 anos ela se integra ao movimento antropofágico na esteira do modernismo, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Uma influência cujo fluxo logo se inverteu. Num escândalo para o conservadorismo existente na década de 1930, Oswald separa-se de Tarsila e casa com Pagu. No mesmo ano ela tem seu primeiro filho, que é o segundo dele. Um fato que só alimentou os boatos de eles terem sido amantes quando Oswald ainda era casado. Logo depois, ambos iniciam a militância no Partido Comunista Brasileiro.



“Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hanhan! Ah! Hanran!
Uh! Uh!
Fama de porra louca
Tudo bem!
Minha mãe é Maria Ninguém
Uh! Uh!
(...)”


Em razão de sua militância política, Pagu foi presa em vinte e três ocasiões. A primeira, durante uma greve de estivadores em Santos. Depois de retomar a liberdade, em 1933, deixou Oswald e o filho e partiu para uma viagem pelo mundo. Naquele mesmo ano publicou o romance Parque Industrial, com o pseudônimo de Mara Lobo. Foi presa novamente em 1935. Desta feita, em Paris. Embora a prisão tenha sido em decorrência de sua militância política, o motivo declarado foi por ela ter utilizado uma identidade falsa. Repatriada para o Brasil, Pagu é presa novamente. 

Depois de ter saído da prisão, em 1940, separa-se de Oswald de Andrade definitivamente e retoma sua carreira como jornalista. Nessa mesma época rompe com o partido comunista e se integra ao movimento socialista de linha trotskista e passa a fazer parte da redação do jornal “A Vanguarda Socialista”, com Geraldo Ferraz, com quem se casaria em 1941. Dessa união nasceu seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz. Em 1945 Pagu lançou novo romance, “A Famosa Revista”, em parceria com seu marido. 

Anos mais tarde, em 1950, tenta uma vaga de deputada estadual, mas não consegue se eleger. Depois dessa tentativa frustrada, direciona seus esforços para o teatro e, em 1952, frequentou a Escola de Arte Dramática de São Paulo. O seu envolvimento com a arte dramática a levou de volta a Santos, onde monta o espetáculo “A Cantora Careca”, de Ionesco, cuja tradução foi feita por ela mesma. A partir de então, Pagu e o marido fixam residência permanente em Santos, onde ela se torna uma agitadora cultural e congrega  em torno de si os artistas iniciantes da época, como Plínio Marcos e o compositor Gilberto Mendes. 

Pagu manteve uma vida intensa, tanto no lado pessoal quanto no profissional, e ainda trabalhava como crítica de arte quando descobriu que estava com câncer. Abalada tentou o suicídio, que não se concretizou. Antes disso ela viajou à Paris onde se submeteu sem sucesso a uma cirurgia. De temperamento indômito, Pagu enfrentou tudo que havia para enfrentar em sua vida, mas o câncer conseguiu penetrar sua couraça de coragem e desprendimento. Ela morreu em consequência da doença em 12 de dezembro de 1962, logo depois de retornar de Paris. 

Thursday, January 23, 2014

Mulheres Inesquecíveis

Mulheres Inesquecíveis
Em cada época algumas mulheres se destacaram da multidão de anônimos para povoar o imaginário popular. De personalidade forte, elas tinham atitudes que significaram uma quebra de paradigmas e consequente ruptura com o status quo vigente. São musas de movimentos sociais e culturais    que sempre  se mantiveram na vanguarda dos principais acontecimentos de sua época. Luz del Fuego inicia essa série de artigos.


 Luz del Fuego

Nascida Dora Vivacqua em 21 de fevereiro de 1917, essa capixaba foi bailarina, naturista e feminista brasileira numa época em que os movimentos feministas no Brasil ainda não eram conhecidos. Começou sua vida artística como bailarina em 1944, no picadeiro de um circo chamado “Pavilhão Azul”, com o nome artístico de “Luz Divina”. Algum tempo depois, por sugestão de um amigo – o palhaço “Cascudo” – Ela adotou o nome artístico de “Luz del Fuego, que era a marca de um batom argentino daquele tempo (Wikipédia).



De espírito transgressor e vanguardista, ela apresentava-se seminua e com cobras jiboia enroladas em seu corpo, em performances que a tornaram famosa em todo o País e no exterior. Luz De Fuego era vegetariana e adepta do nudismo e, em 1954, fundou o primeiro clube naturista do Brasil, na ilha Tapuama de Dentro, que ela rebatizou como “Ilha do Sol”. Consta em registros dos cronistas da época que a ilha foi frequentada por muitas estrelas de Hollywood, como Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Tyrone Power, César Romero, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve MacQueen. Eles perambulavam pelos seus oito mil metros quadrados do jeito que vieram ao mundo. A nudez, aliás, era obrigatória para todo mundo que chegava à ilha, incluindo autoridades e celebridades. Conta-se que Jane Mansfield foi impedida de desembarcar na ilha por ter se recusado a tirar a roupa.


Nessa mesma ilha, em 1967, Luz del Fuego foi assassinada junto com seu caseiro por dois irmãos pescadores, que os lançaram ao mar amarrados com pedras e manilhas. O motivo não podia ser mais torpe: roubar seus pertences. Desde então, a ” Ilha do Sol” voltou a ficar desabitada, mas a habitação resistiu ao tempo. A laje e as paredes ainda são testemunhas dos sonhos de uma mulher que viveu segundo suas próprias convicções e jamais fez qualquer concessão ao conservadorismo do pensamento dominante de sua época. Isso a torna uma mulher realmente inesquecível. Uma musa para todos que  querem exercer plenamente a liberdade do ser.

Sunday, January 19, 2014

O Homossexualismo na História

Este texto é parte de um trabalho acadêmico sobre a adoção de crianças por homossexuais.

 O Homossexualismo na História.



Definido genericamente como atração sexual por pessoa do mesmo sexo, o homossexualismo tem sido quase sempre percebido pela cultura ocidental como uma perversão. Em outras culturas, os homossexuais lograram obter certo grau de aceitação em algumas circunstâncias especiais relacionadas com a religião, quando adquiriam status semelhante ao de um xamã, ou quando a homossexualidade estava diretamente associada à ritos de iniciação e/ ou educação. Neste caso, a prática homossexual era facultada aos preceptores, e admitida somente através de rígidos padrões de conduta, como acontecia na antiga Grécia.
Em algumas culturas, como a dos índios da América do Norte e do Sul, a homossexualidade também era tolerada em determinadas circunstâncias, além daquelas onde o homossexual adquiria status semelhante ao de um Xamã. Também era possível a aceitação de indivíduos que assumiam o papel da mulher, desempenhando as tarefas que cabiam ao sexo feminino, incluindo serviços de natureza sexual.
Em qualquer das vezes, a homossexualidade era apenas tolerada. Não ocorria uma aceitação plena das pessoas cuja preferência sexual era explicitamente dirigida à pessoas do mesmo sexo. Na maioria dos casos conhecidos ao longo da história, a manifestação de preferências homossexuais ficavam restritas à guetos e/ou círculos mais íntimos.
Não era raro, portanto, a homossexualidade ser duramente reprimida, principalmente nas culturas do Oriente Médio e da Ásia oriental, a partir do advento da religião mulçumana. A mesma situação era encontrada na Europa durante a Idade Média, apesar dos casos envolvendo a ocorrência de homossexualismo se multiplicar nos conventos, mosteiros e qualquer outro lugar em que pessoas do mesmo sexo convivessem e/ou coabitassem por muito tempo. Ã esse respeito, em sua monografia de conclusão de curso, Flávio Ferreira Pinto escreveu:

 A legislação dos séculos XII e XII prescrevia pena de morte para os que fossem inclinados à prática homossexual, sendo que com o advento da Santa Inquisição, por Gregório IX, em 1231, a situação de tais pessoas tornou-se ainda mais terrível.

 O autor ressalta também a ocorrência de homossexualidade até mesmo em instituições que cultuavam a virilidade como um dos principais atributos de seus representantes, como os exércitos da antiguidade, com seus batalhões de soldados envolvidos em longas campanhas longe de sua terra natal. Isso era comum entre os romanos, egípcios e assírios. Entre esses povos, a pederastia podia estar relacionada, inclusive, com a  religião e à carreira militar. Algo que também ocorria entre os povos selvagens, ou bárbaros, de civilizações mais antigas, ou mesmo os que lhes eram contemporâneos.
Entre os documentos históricos dessas civilizações, aí incluídos poemas épicos e narrativas – reais ou imaginárias – de feitos militares, e também os relatos das relações entre mortais e deuses, que lograram chegar até nossos dias, não é raro encontrar menção à pederastia. Ferreira Pinto destaca o épico sumério Gilgamesh, uma história de amor e ódio entre o rei de Uruk e um desafiante, que termina de modo trágico: a morte de um e o suicídio posterior do sobrevivente.
Na Ilíada, de Homero, segundo o autor, é notável a ligação amorosa entre Aquiles e Pátroclo, cuja morte atribuída à Heitor, príncipe de Tróia, acarreta uma terrível vingança.
Assim, na visão de Ferreira pinto, a homossexualidade na antiguidade não tinha o estigma dos dias atuais. Na Grécia, por exemplo, a relação homossexual tinha até mesmo um certo senso estético e nobre, uma condição  que não era atribuída às relações heterossexuais.
Essa visão não é compartilhada por  Barros Figueiredo. Referindo-se à poetisa Safo, da Ilha de Lesbos – de onde se origina o termo LESBIANISMO – a prática da homossexualidade entre suas seguidoras as levou a serem segregadas, o que contribuiu para que sua ferocidade se tornasse lendária. Até mesmo a pederastia praticada entre o homem mais velho e o jovem somente era aceita e aprovada quando tomada como modelo de ética amorosa em determinadas circunstâncias. O autor fecha essa questão citando Freire Costa. Este último, baseando-se nos autores gregos, como Homero e Aristófanes, assim escreveu a respeito:

Entretanto, justamente porque era dirigida para a virtude, a”pederastia”era draconianamente regulada em seu exercício. O que estava em jogo era a educação do cidadão, portanto,toda conduta que evocasse passividade e excesso era considerada indigna. O erômenos (o jovem) não podia ser passivo na relação amorosa, isto é, não podia ser penetrado, pressionado física ou moralmente a ceder aos avanços sexuais de erastes (o adulto), subornado com dinheiro ou presentes etc. Do mesmo modo, toda hubris, era igualmente reprovada por ser pouco viril. Os amantes deviam ser comedidos, evitando exageros lúbricos ou apaixonados. A boa vida era a vida política. Em conseqüência, o uso dos prazeres devia estar a serviço da honra do cidadão. A liberdade sexual privada, como a concebemos, era impensável na Grécia(...)  

A se concordar com Barros Figueiredo e Freire Costa, a homossexualidade na Grécia antiga não era aceita sem restrições, sendo admitida somente quando cumpria uma função social, como a educação do cidadão. Por outro lado, devemos ressaltar também, que, mesmo nesses casos, as necessidades emocionais e físicas do homossexual ficavam em segundo plano, quando não eram reprimidas. De qualquer modo, pode-se deduzir que a homossexualidade na Grécia antiga não tinha a conotação de perversão sexual ou doença que ainda sobrevive na época atual, apesar da atuação dos movimentos gays e dos grupos defensores dos direitos humanos.
Parte da percepção que se tem hoje, particularmente nos segmentos sociais mais conservadores, se deve à posição da própria igreja católica à respeito. Ferreira Pinto destaca que a Bíblia, tanto no Levítico, quando no episódio da destruição de Sodoma e Gomorra, condenou o amor homossexual. É da cidade de Sodoma, aliás, que se origina a palavra sodomia, que caracteriza o sexo anal.
A aversão da Igreja Católica à homossexualidade encontra respaldo no pensamento de que o sexo deve ter como objetivo a reprodução. O sexo praticado por homossexuais é, por natureza, estéril e destinado exclusivamente ao prazer físico e emocional de seus praticantes. Algo repudiado desde o início do cristianismo, judaísmo e também acatado posteriormente pelo islamismo.
Atualmente, a percepção da homossexualidade, a reboque do ativismo dos movimentos gays e, também, de uma nova visão proporcionada pela ciência – em especial, pela atuação da medicina e da psiquiatria – tem mudado em favor dos direitos civis dos homossexuais, pelo menos nos setores mais progressistas da sociedade. Isso se reflete na jurisprudência, com alterações importantes para o reconhecimento de situações de fato, como a coabitação, direitos sucessórios e a possibilidade de adoção.
A mudança na visão da ciência ante o fenômeno da homossexualidade descaracterizou o conceito que lhe imputava como sendo um transtorno sexual, uma doença passível de tratamento. Essa nova percepção foi fundamental para que, em 1985, fosse revisado o Código Internacional de Doenças, que excluiu a partir de então o homossexualismo dessa classificação, incluindo-o no capítulo que se refere ao desajustamento social decorrente de repressão provocada por preconceitos de natureza religiosa ou sexual. Tal medida foi baseada na conclusão de que na verdade os transtornos sofridos por aqueles que assumiam sua condição homossexual eram, não da homossexualidade em si, mas em decorrência da discriminação e da repressão social derivadas do preconceito de setores conservadores e reacionários da sociedade. Para se opor à essa situação, em 1991, a anistia internacional caracterizou como violação dos direitos humanos qualquer ato de repressão à homossexualidade.
A luta contra a discriminação homossexual conseguiu avanços consideráveis no final do século XX, principalmente na Europa não católica (Inglaterra e Holanda) e os países Escandinavos (Suécia e Noruega), e alguns estados dos EUA.
Essas conquistas, entretanto, representam exceções à regra, quando se pensa em termos globais. Na maioria dos países do mundo os homossexuais são duramente reprimidos e marginalizados. Isso acontece principalmente nas nações governadas por regimes totalitários apoiados no islamismo, e também nas nações de orientação católica.
No caso do Brasil, a discussão sobre a questão homossexual tem ganho evidência a partir das atividades de entidades como o Grupo Gay da Bahia e discussões originadas a partir de casos notórios no campo jurídico, como a concessão da tutela do filho da falecida cantora Cássia Eller à sua companheira Maria Eugênia, incluindo a gestão do patrimônio herdado.






[1] PINTO, Flávio Ferreira. Adoção por Homossexuais. Jus Navigandi, Teresiina, a. 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em: < http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2669>
[2] COSTA, Jurandir Freire. In A ética e o espelho da cultura. Rio de janeiro: Rocco, 1994

Lúbrico



Fita-me com olhos baços
E repudia meu amor devasso
Pela chama que te anseia

Quem me dera tocar tua alma
E queimar teus lábios
Com esse desejo que me incendeia

Que faço, amor?
Que faço para acolher-te em meus braços
E prender-te em mil teias?

Não me negues essa paixão, amor!
Tão lúbrica e despudorada
Tão urgente e desesperada
Que tortura minha alma faminta

Não te negues a mim, que eu morro em agonia
A contemplar teu vulto fugaz
Como uma crisálida, que fita com os olhos

Mortiços e vazios, o vôo da borboleta.

Nur na escuridão, de Salim Miguel

Nur na escuridão, o décimo oitavo livro do escritor catarinense Salim Miguel relata a trajetória de uma família de imigrantes libaneses que veio para o Brasil na década de 20. Embora seja uma obra de ficção, o livro reflete as vivências pessoais do autor, nas quais se baseia para tecer com a competência de sempre histórias repletas de lirismo, onde o mar aparece como um dos personagens, voluntarioso e cheio de vontades.
Iniciado em 1994, o livro passou um período engavetado, enquanto o escritor dava seqüência a outros projetos literários, ao fim dos quais o retomou. Nur, que em árabe significa luz e liberdade, e também é uma das denominações de Alá. Metade de suas histórias se passa em Biguaçu e Florianópolis. A outra metade passa por outras paragens, entre as quais o Rio de Janeiro, onde começa a saga dos libaneses que vieram para Santa Catarina num período em que o Brasil vivia a ascensão de Getúlio Vargas.

O livro conquistou alguns importantes prêmios literários do país, entre os quais o da Associação de Críticos de Arte de São Paulo, logo após seu lançamento, ainda em 1999, e o prêmio Zaffari & Bourbon da 7ª Jornada de Literatura de Passo Fundo, que dividiu com o baiano Antonio Torres.

"Nur na Escuridão" (Editora Top Books, 258 páginas), de Salim Miguel

Fugaz

Fugaz

Preciso ver-te agora
Amanhã será tarde,
pois já não serei o mesmo.

Preciso ver-te agora
Amanha,  tu já não me sentirás como antes
Mutantes que somos.

Sem passado, sem futuro
Vivamos o presente e esqueçamos o destino
que teimoso contraria nossos desejos.

Preciso ver-te agora
neste momento

pois ele jamais se repetirá.

Tuesday, January 14, 2014

A Costela de Adão - Roteiro para TV

Este roteiro eu comecei a fazer pensando em mandar para a turma do Casseta & Planeta. Infelizmente o programa acabou antes que eu terminasse. Depois soube que a Globo proíbe a análise de textos de pessoas de fora, devido problemas de direito autoral. O roteiro é baseado numa peça de teatro que escrevi em 1994 e chegou a ser ensaiada pelo grupo GEMT de Laguna SC. Infelizmente eles não concluíram a montagem  da peça. Esta versão está inacabada, mas se aparecer algum interessado eu termino.

A Costela do Adão
De Gilmar Milezzi


Novelinha em oito capítulos


Elenco:

Massaranduba:           como Adão
Maria Paula:               como Eva
Montanha:                  como Gabriel

Apresentando: Chicória Maria, como a Serpente, em seu primeiro papel dramático na TV.

Sinopse:

Certo dia, no Paraíso, Adão acordou com o seu par de neurônios em curto-circuito e percebeu que estava só. Para onde quer que ele olhasse só via animais, bestas sem alma, que nem sequer sabiam existir. E por não haver nenhuma criatura semelhante a ele, Adão entrou em crise existencial, fez greve de fome e apelou em todas as instâncias celestiais. Tanto esperneou, que o Criador resolveu conceder-lhe uma companheira.
No princípio,  Adão ficou feliz. Finalmente ter um ser humano para dividir sua solitária existência no Paraíso. Todavia, sua companheira era uma mulher, uma fêmea da sua espécie, algo que ele nem sabia para que servia, sexo, então, nem pensar. Aliás, Eva era a primeira fêmea de qualquer espécie a existir no Éden, um clube do bolinha zelosamente administrado pelo arcanjo Gabriel, que de sexo também não entendia nada, mas era o síndico do pedaço e se achou na obrigação de administrar a encrenca que estava se prenunciando. Para complicar, uma certa cobra resolveu também dar seus palpites na relação daqueles dois pombinhos.
Essa é a história de Adão e Eva, numa versão que não está no catecismo.

Sugestão de figurinos:

Eva: Malha colante imitando tom de pele. Como acessório, a personagem será dotada de grandes seios postiços e, no final, uma folha de parreira.

Adão: Malha colante em tom de pele. No final, usará uma folha de bananeira.

Gabriel: Toga branca, com detalhes em dourado. Como acessórios, a personagem usará um pequeno par de asas e uma espada, também em tamanho diminuto, mas acondicionada numa grande bainha pendurada na sua cintura.

Serpente: Malha colante em tom imitando a pele de cobra. A personagem não utilizará acessórios. Sua caracterização se completará com maquiagem e expressão corporal.
CAPÍTULO I