Lembranças
da primeira vez
O que se faz quando o amor acaba? É estranho e patético pensar nisso agora,
porque não estaria fazendo essa pergunta a mim mesmo, se não tivesse levado um
pé na bunda. Na verdade fui eu mesmo que detonei a relação, mas só fiz isso
porque sabia que não havia outro jeito e temia que a coisa desandasse para algo
pior. Covardia? Um pouco, talvez. Sofrer de amor não era algo que me atraísse,
apesar de flertar com a depressão e me envolver nela de forma cada vez mais
frequente. Meu editor costuma dizer que escrevo melhor quando estou depressivo.
Deve ser verdade, já que ele fica feliz quando eu não estou.
Agora
eu estou aqui, no lugar onde acontecimentos dessa natureza costumam nos levar;
a mesa do bar. Olho para o copo com uma certa repulsa. Eu gosto de um bom
vinho, costumo apreciar até mesmo um conhaque, em algumas ocasiões. Todavia,
nunca fui um bebedor inveterado. Nunca gostei da sensação de ficar bêbado,
embora nela tenha me refugiado algumas vezes. Que atire a primeira pedra quem
nunca tomou um porre e meteu o pé na jaca, mas acho que estou me dispersando. Voltemos
ao motivo principal desta escrita: o fim do amor!