Mulheres Inesquecíveis
Em cada época algumas mulheres se destacaram da multidão de anônimos para povoar o imaginário popular. De personalidade forte, elas tinham atitudes que significaram uma quebra de paradigmas e consequente ruptura com o status quo vigente. São musas de movimentos sociais e culturais que sempre se mantiveram na vanguarda dos principais acontecimentos de sua época. Luz del Fuego inicia essa série de artigos.
Nascida Dora Vivacqua em 21 de fevereiro de
1917, essa capixaba foi bailarina, naturista e feminista brasileira numa época
em que os movimentos feministas no Brasil ainda não eram conhecidos. Começou
sua vida artística como bailarina em 1944, no picadeiro de um circo chamado
“Pavilhão Azul”, com o nome artístico de “Luz Divina”. Algum tempo depois, por
sugestão de um amigo – o palhaço “Cascudo” – Ela adotou o nome artístico de
“Luz del Fuego, que era a marca de um batom argentino daquele tempo
(Wikipédia).
De espírito transgressor e
vanguardista, ela apresentava-se seminua e com cobras jiboia enroladas em seu
corpo, em performances que a tornaram famosa em todo o País e no exterior. Luz De Fuego era
vegetariana e adepta do nudismo e, em 1954, fundou o primeiro clube naturista
do Brasil, na ilha Tapuama de Dentro, que ela rebatizou como “Ilha do Sol”. Consta
em registros dos cronistas da época que a ilha foi frequentada por muitas
estrelas de Hollywood, como Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Tyrone
Power, César Romero, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve MacQueen. Eles
perambulavam pelos seus oito mil metros quadrados do jeito que vieram ao mundo.
A nudez, aliás, era obrigatória para todo mundo que chegava à ilha, incluindo
autoridades e celebridades. Conta-se que Jane Mansfield foi impedida de
desembarcar na ilha por ter se recusado a tirar a roupa.
Nessa mesma ilha, em 1967, Luz
del Fuego foi assassinada junto com seu caseiro por dois irmãos pescadores, que
os lançaram ao mar amarrados com pedras e manilhas. O motivo não podia ser mais torpe: roubar seus pertences.
Desde então, a ” Ilha do Sol” voltou a ficar desabitada, mas a habitação resistiu ao tempo. A laje e as paredes ainda são testemunhas dos sonhos de uma
mulher que viveu segundo suas próprias convicções e jamais fez qualquer
concessão ao conservadorismo do pensamento dominante de sua época. Isso a torna uma mulher realmente inesquecível. Uma musa para todos que querem exercer plenamente a liberdade do ser.
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