Thursday, January 23, 2014

Mulheres Inesquecíveis

Mulheres Inesquecíveis
Em cada época algumas mulheres se destacaram da multidão de anônimos para povoar o imaginário popular. De personalidade forte, elas tinham atitudes que significaram uma quebra de paradigmas e consequente ruptura com o status quo vigente. São musas de movimentos sociais e culturais    que sempre  se mantiveram na vanguarda dos principais acontecimentos de sua época. Luz del Fuego inicia essa série de artigos.


 Luz del Fuego

Nascida Dora Vivacqua em 21 de fevereiro de 1917, essa capixaba foi bailarina, naturista e feminista brasileira numa época em que os movimentos feministas no Brasil ainda não eram conhecidos. Começou sua vida artística como bailarina em 1944, no picadeiro de um circo chamado “Pavilhão Azul”, com o nome artístico de “Luz Divina”. Algum tempo depois, por sugestão de um amigo – o palhaço “Cascudo” – Ela adotou o nome artístico de “Luz del Fuego, que era a marca de um batom argentino daquele tempo (Wikipédia).



De espírito transgressor e vanguardista, ela apresentava-se seminua e com cobras jiboia enroladas em seu corpo, em performances que a tornaram famosa em todo o País e no exterior. Luz De Fuego era vegetariana e adepta do nudismo e, em 1954, fundou o primeiro clube naturista do Brasil, na ilha Tapuama de Dentro, que ela rebatizou como “Ilha do Sol”. Consta em registros dos cronistas da época que a ilha foi frequentada por muitas estrelas de Hollywood, como Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Tyrone Power, César Romero, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve MacQueen. Eles perambulavam pelos seus oito mil metros quadrados do jeito que vieram ao mundo. A nudez, aliás, era obrigatória para todo mundo que chegava à ilha, incluindo autoridades e celebridades. Conta-se que Jane Mansfield foi impedida de desembarcar na ilha por ter se recusado a tirar a roupa.


Nessa mesma ilha, em 1967, Luz del Fuego foi assassinada junto com seu caseiro por dois irmãos pescadores, que os lançaram ao mar amarrados com pedras e manilhas. O motivo não podia ser mais torpe: roubar seus pertences. Desde então, a ” Ilha do Sol” voltou a ficar desabitada, mas a habitação resistiu ao tempo. A laje e as paredes ainda são testemunhas dos sonhos de uma mulher que viveu segundo suas próprias convicções e jamais fez qualquer concessão ao conservadorismo do pensamento dominante de sua época. Isso a torna uma mulher realmente inesquecível. Uma musa para todos que  querem exercer plenamente a liberdade do ser.

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