Por um instante fiquei sem saber o que responder, ao perceber que o ataúde repousava sobre lingotes e moedas de ouro, caprichosamente empilhados de modo a formar uma base, onde foi assentado.
— Não fique olhando para o meu ouro, biltre. Vai gastar seu brilho. — Tornou a falar o fantasma, com um olhar delirante e velhaco. Ele tinha o aspecto de um velho pão duro, diretamente saído das páginas de Dickens. Eu ainda não sabia seu nome, mas em minha imaginação já o chamava de Ebenezer Scrooge.
— Nada sabia do ouro. — Respondi de modo belicoso. Nenhuma alma penada ia pôr em dúvida o meu caráter. — Estava admirando o mausoléu, quando ouvi um gemido.
— Ai de mim. — Gemeu novamente a figura taciturna, sem fazer caso do meu protesto. — Condenado a vigiar eternamente o meu ouro, tão custosamente amealhado.
Enquanto falava, ele tentava com sofreguidão pegar algumas moedas, mas suas mãos passavam através do ouro, sem que lograsse êxito. Confesso que senti pena daquela patética demonstração de apego ao mundo material. Ele não estava entre os fantasmas que se apresentaram a mim na primeira vez, de modo que fiquei a imaginar quantos mais existiriam naquela necrópole, que não se submetiam aos desmandos de Voz Cavernosa.
— Com que propósito você vigia o ouro, se nem ao menos pode tocá-lo?
— Porque é meu! Todo meu! Você está querendo me enganar?
— Não. Isso não tem valor para mim. Bem... Pelo menos não tudo isso.
— Eu sabia! Você veio aqui para me roubar, como todos os outros que vieram antes.
— Outros vieram aqui? — Perguntei, sem me deixar levar pelos sentimentos que ele tentava provocar.
O espectro pairou pela cripta, antes de responder.
— Muitos outros, mas eu espantei todos. O único que não correu foi você. Único, não. Tem aquela moça esquisita que vem aqui, vez ou outra. Mas ela não está interessada no meu ouro. Nunca tentou pegar nada.
Ele falava de Berenice, certamente.
— Os outros tentaram roubar seu ouro?
— Alguns deles. Aqueles que não correram depois de meus gemidos. Só fugiram depois que me manifestei. Ninguém vai roubar o meu ouro! Nem mesmo você...
Ele cuspia essas palavras com tal convicção e ódio, que quase tive dúvidas sobre minhas reais intenções ao ter descido até a cripta.
— Não quero seu ouro. — Disse-lhe. — Isso parece mais uma maldição. Há quanto tempo você está aqui, guardando isso?
— Desde que morri, é claro. Não faço ideia de quantos anos se passaram desde o meu passamento, mas faz bastante tempo. Fui um dos primeiros mortos a serem sepultados neste cemitério, isso é certo.
Não seria difícil descobrir a data exata, mas eu já sabia que o mausoléu tinha sido construído durante a década de 1920, de modo que patética figura espectral já estava vigiando seu ouro por mais de noventa anos. Por um momento fiquei a imaginar se Voz Cavernosa não teria algo a ver com essa punição, mas certos detalhes do Mundo Sobrenatural, que vim a conhecer mais tarde, negavam essa possibilidade.
Por hora, posso afirmar que Voz Cavernosa não controlava tudo, como cheguei a pensar, no princípio. Haviam regras e princípios de incertezas que até ele devia se submeter. Devo dizer que a conclusão que cheguei a respeito disso deixou-me um pouco mais seguro nas relações que eu ainda teria com aquele estrupício sobrenatural, apesar de logo descobrir que a mim também valiam as mesmas condições, apesar de estar vivo.
Enquanto esses pensamentos invadiam minha mente, o fantasma de Ebenezer pairava ao meu redor. Ao perceber seus movimentos fiquei um tanto apreensivo, mas não havia nisso nenhuma intenção belicosa, a princípio. Ele estava apenas curioso.
— Você não é um desencarnado. — Ele disse. — Está vivo!
— Sim, estou.
— Não gosto dos vivos. Todos os vivos que aqui vieram queriam roubar meu ouro.
— Não quero seu ouro, acredite. A riqueza é uma prisão que não me interessa.
—Tolice! A ganância faz parte da natureza do homem. Você não é diferente. Se não deseja apossar—se do meu ouro, o que faz aqui? O que você quer? — Ele perguntou, enquanto continuava irritantemente a me rodear.
— Quando entrei aqui, fui atraído por seu gemido, como lhe disse. Mas agora...
— Eu sabia! — Exclamou o fantasma. —Agora que viu meu tesouro, você o quer, não é?
— Não! — Gritei com ele.
Ebenezer parou de rodopiar à minha volta e se aproximou.
— Não? O que você quer, afinal?
— Sua história. Me conte sua história. — Pedi. Não sei se Voz Cavernosa contava com isso, mas a mim pouco importava. Eu estava realmente interessado na história dele. O espectro me olhou de soslaio, desconfiado, mas claramente envaidecido.
— Só isso? E por que razão, posso saber?
— Sou um escritor. Eu conto histórias e gostaria de contar a sua. — Respondi, não muito sincero. Naquele momento pensei que não seria uma boa ideia ele saber que Voz Cavernosa estava por trás disso.
— Pois, então, ouça minha história e depois vá embora!
— Aqui não. Preciso de minha máquina de escrever.
— Então traga ela para cá.
— Isso não é possível. Trata-se de uma máquina antiga e é muito pesada.
— Então nada feito. — Retrucou o fantasma de Ebenezer. — Não vou sair de perto do meu ouro.
— Mas poderíamos distribuir seu relato em sessões rápidas, com trinta minutos de duração. — Disse-lhe eu, tentando dar um tom casual para a sugestão.
— Não saio daqui nem por quinze minutos.
— Dez minutos? — Insisti. Não devia ter feito isso.
— Já disse que não! — Berrou ele, antes de se metamorfosear numa figura horrenda. — Vá embora!
Aquilo foi realmente assustador, mas o que me fez realmente ir embora foi o tremor que ele provocou na cripta. Parecia que tudo iria desabar. Então, realmente apavorado, bati em retirada.
Tempos depois, enquanto eu matutava uma forma de leva-lo até o local que Voz Cavernosa tinha me designado para trabalhar nas crônicas das almas penadas, soube que o ouro na tumba de Ebenezer foi descoberto por seus herdeiros legais.
A descoberta do ouro no mausoléu de Ebenezer suscitou uma feroz disputa entre seus descendentes diretos. Ignoro o resultado dessa querela, mas o fato é que o ouro foi retirado e atraiu a fúria daquela alma penada sobre mim. Neste ponto, seria lógico pensar que Voz Cavernosa tivesse algo a ver com esse acontecimento, mas jamais soube disso com certeza. Entretanto, estava escrito que o fantasma de Ebenezer viria até mim e contaria sua história, feita de acumulação de riqueza e muita solidão.
Logo depois da retirada do ouro, ele invadiu meu escritório na Tumba de Voz Cavernosa. Eu estava concluindo minhas considerações finais sobre Estela, quando o vi. Seu aspecto era sinistro e ameaçador, como nunca imaginei que pudesse ser. Ante sua presença, a lâmpada do teto estourou e tudo ficou às escuras, até que uma vela se acendeu sobre a mesa. Eu nem havia notado antes a existência dessa vela, mas não tive tempo de pensar nisso. O ambiente de repente ficou gelado, enquanto um odor nauseabundo invadia minas narinas. Só então percebi que Ebenezer se manifestava através do seu próprio cadáver, ou o que restava dele. Em cada passo, pedaços mumificados pelo tempo se desprendiam e se desfaziam em pó. A visão dantesca parecia saída diretamente de um filme de George Romero, mas eu não estava em condições de apreciar aquela experiência singular, em razão do meu crescente estado de pânico. Felizmente o corpo se desfez completamente. Quando chegou perto de mim, só restou o espectro, mas isso pouco serviu para me tranquilizar.
Apesar de Ebenezer se manifestar por meio do seu ectoplasma, temi por minha integridade física. Faltou muito pouco para não me borrar nas calças e a lembrança disso não contribui muito para minha autoestima.
— Foi você! — Ele disse com voz rouca e sibilante.
— Do que você está falando? Minha pergunta era apenas uma tentativa de dispersão para sua ira, mas ele não se deixou enganar. Pela primeira vez, desde que entrei na Tumba de Voz Cavernosa, desejei que ele estivesse ali.
— Foi você que trouxe aqueles biltres para roubar meu ouro, admita!
— Não tenho nada com isso. O aparecimento dos seus herdeiros foi apenas uma coincidência.
— Exatamente! Mas você tornou público o que deveria ser um segredo. Aí apareceram aquele bando de sanguessugas que se dizem meus herdeiros.
— Puxa! Sinto muito. — Respondi, verdadeiramente consternado.
— Sente nada! — Ele retrucou. — O ouro não era seu. Não foi você que passou anos trabalhando para juntar toda aquela fortuna.
De repente ouvimos uma voz:
— Trabalhando? Fala sério! — Falou Voz Cavernosa, depois de surgir não sei de onde. — Diz para ele o que você fez realmente para juntar aquele ouro.
Assim, minha impressão de que Voz Cavernosa nada tinha a ver com meu encontro com Ebenezer logo se desfez
O espectro de Ebenezer pareceu crescer e ocupar todo o espaço do vestíbulo onde estávamos. Aparentemente ele não temia Voz Cavernosa, como os outros. Essa percepção me proporcionou um pequeno sentimento de satisfação, embora minha situação ali permanecesse precária.
— Quem é você para questionar meus métodos, cria das trevas? Pelo que sei de sua história mortal, ela não é muito diferente da minha.
Então Voz Cavernosa tinha realmente um passado mortal. Aquela discussão estava ficando interessante.
—Cale-se! — Rugiu Voz Cavernosa.
—Então, humano... Você sabia que essa alma penada também se fez enterrar com todo o ouro que havia acumulado em sua última vida terrena?
— Cale-se, já disse. — Disse Voz Cavernosa, em tom ameaçador. — Ainda não é chegado o momento de minha história ser contada!
Enquanto falava, ele cresceu diante de nós. Aquilo de repente parecia uma disputa de egos sobrenaturais e fiquei curioso para ver até onde iria. Naquele momento, minha curiosidade já quase se sobrepunha ao medo que eu sentia. Seria interessante saber como tudo iria terminar.
— Besteira. — Retrucou Ebenezer, sem se deixar intimidar. — Por que não é sua hora de acerto de contas? Você tem medo do acerto final, admita!
Acerto final? Do que eles estavam falando? Eu ainda não compreendia tudo, mas uma ideia já começava a se formar em minha mente. Se eu não fosse tão teimoso em minhas convicções materialistas, talvez já tivesse percebido onde estava metido.
— Minha hora de prestar contas vai chegar. — Retrucou Voz Cavernosa, sem se abalar. — Ninguém escapa do último destino, nem mesmo eu. Agora é a sua vez e você não vai se livrar disso.
— Nunca! — Bradou Ebenezer enquanto tentava se retirar, mas algo o impediu.
Voz Cavernosa gargalhou como um louco ensandecido. Havia algo de sinistro em sua voz, quando falou:
— Sua hora chegou. — Disse ele sibilante. — Conte sua história ao escriba.
— Não! — Repetiu Ebenezer, no que parecia um gesto inútil.
De repente senti a presença de outra entidade. Voz Cavernosa parecia ter preparado um último recurso para obrigar Ebenezer a seguir aquilo que chamava de destino final.
— Cumpra o ritual, Ebenezer. — Disse uma voz feminina. — Já esperei demais para você se juntar a mim. É chegada a hora de pôr um fim em sua maldição.
Ebenezer se voltou com uma expressão atormentada no olhar.
— Maria?
— Sim, meu querido. Sua Maria. Já ficamos tempo demais separados.
Aos poucos a imagem de uma linda mulher se formou diante de nós. Não era uma imagem clara, por assim dizer. Parecia mais uma projeção holográfica de alguém que não estava realmente no mesmo lugar que nós. Falar isso quando estou na presença de fantasmas é um pouco estranho, mas não me ocorre outra explicação.
— Sim. Faz muito tempo. — Falou Ebenezer contendo a emoção. — Já não importa mais.
Aquelas almas atormentadas tinham uma história que vinha do tempo em que eram vivos. Ao que parece, o tal “Destino Final” ainda não era o fim da jornada. Pelo menos não para Ebenezer.
— Você sabe que isso não é verdade. O que sentimos um pelo outro transcende a vida que você ainda lembra. Precisa desapegar de tudo e vir ao meu encontro. Venha para mim, meu querido. Já esperamos demais. — Repetiu ela.
A aparição aproximou-se dele e o envolveu completamente no que parecia um abraço protetor.
— Está bem. — Ele disse numa voz cansada.
Ebenezer pareceu ter compreendido que o apego ao ouro era uma prisão para ele. Era o momento de sua libertação. Entretanto, naquele momento eu percebi o diabólico olhar de triunfo de Voz Cavernosa. Ele estava exultante com algo que ainda estava além de minha compreensão, mas tive a nítida impressão de que não iria gostar de saber do que isso se tratava.
Subitamente tudo se acalmou. Eu já não sentia a presença de Voz Cavernosa, nem da entidade feminina.
— Estou pronto. — Disse ele resignado. Sua postura e movimentos eram um simulacro de vida, mas tive a impressão de que ele suspirava.
Quando ele se sentou diante de minha escrivaninha, a máquina de escrever pareceu brilhar ligeiramente, como se esperasse aquele momento. Então Ebenezer finalmente contou sua história. A princípio sua voz parecia um sussurro e tive dificuldade em entender, como acontecia quando eu ouvia espíritos recalcitrantes. Contudo, ele se dominou e sua narrativa logo adquiriu um tom firme. Isso me deu a impressão de que ele tirava um peso enorme de cima de si.
Sua jornada começou há muito tempo, ainda no século XIX O ano era 1878 e ele trabalhava como guarda-livros para Joaquim Andrade, um banqueiro de Lisboa. Um dia, ele conheceu a filha do patrão e se apaixonou perdidamente. Ela correspondeu, mas quis o destino que o pai de sua amada tivesse outros planos para ela e não permitiu a Ebenezer fazer-lhe a corte. Mais que isso, ele foi humilhado e demitido.
— O pai dela me expulsou de sua casa como se eu fosse um cão sarnento, depois de anos de dedicação. — Disse o espectro, atormentado pelas dolorosas lembranças. — No dia seguinte, quando fui trabalhar, eu soube que não tinha mais o emprego também. Sai do escritório pensando em me vingar, tamanho o ódio que eu sentia, mas não tinha a menor ideia do que fazer.
Algum tempo depois, Ebenezer soube que sua amada havia se casado com um rico banqueiro inglês. Nem mesmo o fato desse casamento ter acontecido contra a vontade dela serviu-lhe de consolo. Só, desempregado e amargurado, ele jurou que nunca mais seria humilhado por ser pobre e, assim que pôde, embarcou num navio para o Brasil. Em sua mente havia apenas um objetivo: enriquecer a qualquer custo e voltar para se vingar.
— Naquele tempo, o Brasil ainda possuía algumas possibilidades para o enriquecimento rápido. Vir para cá foi uma decisão fácil, pois nada me prendia em Lisboa.
Logo ao chegar, a sorte lhe sorriu e ele conseguiu emprego num escritório de uma empresa de navegação fluvial que ligava as regiões produtoras de borracha da Amazônia ao litoral. Não demorou muito para que Ebenezer percebesse outras oportunidades e largasse o emprego para se aventurar no interior, em busca de ouro e pedras preciosas. Contudo, sua fortuna só começou realmente a se formar quando ele decidiu se tornar um mascate e abastecer os garimpos clandestinos de Goiás e Matogrosso.
— O início foi realmente promissor. Em pouco tempo eu já tinha um pequeno capital acumulado, que me permitiu iniciar um outro negócio, o de empréstimos hipotecários. Não foram poucos aqueles que esfolei, cobrando um juro exorbitante. Confesso que tive um prazer imenso em espezinhar os homens e mulheres que cruzaram meu caminho, principalmente os que lembravam meu antigo patrão, por suas atitudes mesquinhas e execráveis. Acredito mesmo que havia algo de justiça em minha crueldade, mas o melhor estava por vir, em Lisboa.
A permanência de Ebenezer no Brasil durou cerca de doze anos. Desse período, ele relatou uma quase infindável série de golpes, que incluíam agiotagem, extorsão, roubos e até assassinatos. A humilhação que havia sofrido, infligida pelo pai da mulher que amara, havia desatado todos os nós de sensatez e integridade que talvez um dia houvesse possuído. No entanto, é mais provável que essas falhas de caráter já estivessem em sua natureza. Meu acordo, digamos assim, com Voz Cavernosa exigia que eu acrescentasse minhas impressões no relato. Assim o fiz.
Ao retornar à Lisboa, Ebenezer descobriu que sua amada havia dado cabo de sua existência quando soube que ele havia partido para o Brasil. Isso o encheu ainda mais de amargura e ódio. Então começou a tecer uma longa e intricada teia de vingança, que tinha como alvo principal o pai dela.
Secretamente começou a comprar os títulos emitidos pela casa bancária onde ele havia trabalhado, até que se tornou o único credor. Em ato contínuo, executou as dívidas num momento de fragilidade financeira da empresa. O golpe derradeiro não tardou a acontecer. De uma forma surpreendentemente rápida, os oficiais de justiça de Lisboa decretaram sua falência e apreensão de todos os bens do homem que o humilhara anos antes. O pai de Maria ficou na miséria, mas a sede de vingança de Ebenezer não se aplacou.
— Eu o deixei sem nenhum vintém, mas isso não era suficiente. Maria havia-se ido e nada a traria de volta. Eu queria o seu sangue!
Numa noite fatídica, capangas à soldo de Ebenezer sequestraram Joaquim Andrade e o levaram até um depósito abandonado, situado nas proximidades do porto. Era o momento de ser apresentado ao seu algoz.
— Quando aquele miserável me viu, ainda levou um tempo para tomar ciência da situação. — Disse Ebenezer, revivendo suas lembranças com um prazer obsceno. — Quando finalmente ele me reconheceu, compreendeu tudo. Tomado de fúria, avançou para mim antes que meus capangas pudessem contê-lo. Eu o derrubei com um único murro, tamanha era minha ira. Depois disso, consumei minha vingança do modo que planejei.
Tomado de um louco frenesi, Ebenezer açoitou o pai de Maria até que nada mais restasse, além dos despojos ensanguentados daquele que tinha sido o pivô de toda a sua desdita. Contudo, mesmo na morte violenta, Joaquim Andrade ainda conseguiu deixar sua própria vingança armada. Pelo ato hediondo que praticara, Ebenezer foi descoberto e preso. Condenado à prisão perpétua, ele conseguiu fugir e retornou ao Brasil, onde viveu vinte anos sem maiores contratempos, até que foi descoberto e preso novamente. Alguns meses depois foi encontrado morto em uma cela do presídio, onde aguardava a conclusão do processe de extradição. Assim terminou sua triste história. Depois que completou seu relato ele se despediu. Parecia em paz, finalmente. Um tipo de paz que vem da conformação diante do inevitável, eu diria. De qualquer modo, nunca mais o vi depois que me contou sua história.
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